James Cameron deu significado ao 3D: a inserção. Ao invés de jogar as coisas em direção à poltrona, ele leva o espectador para dentro do seu mundo, convidando-o a participar da obra.
Esse Avatar dá o que falar. Em pleno século XXI, pregou uma peça na pirataria. Alcançou os dois bilhões de dólares e, se duvidar, não demora a somar mais meio bilhão. E seria ilógico não apontar o recurso 3D como o vetor desse sucesso todo pois, quem baixou (ou comprou) para assistir em casa, ou não possui um cinema na sua cidade ou é muito ingênuo para perder um espetáculo desses. Pois, sim, Avatar é uma obra para se observar no cinema (lamento por quem não possa vê-lo em três dimensões) - paradoxalmente isso se torna um trunfo e um prejuízo, devido à redução do encanto quando visualizado em DVD ou mesmo em Blu Ray (ao menos, por enquanto, não temos na nossa TV uma tecnologia que faça justiça) - e somente será apreciado sublimemente em 3D.
É a quarta vez que sento na poltrona para me deixar levar pelo magnífico mundo concebido por James Cameron. A única diferença, nesta última, é que tive ampliada a minha experiência: fui vê-lo no Dom Bosco IMax Theatre, do Shopping Palladium, em Curitiba.
Contudo, aqui, não pretendo incomodá-los falando do primor do universo criado e da relação dos Na'vi com Eywa; ou enumerando os clichês e falhas do roteiro - afinal já relatei minha opinião no Cyber Críticos (se quiser ler, clique AQUI). Não, não. De forma alguma! O que vou fazer é me conter a contar-lhes a sensação no experimento IMax (ainda inédito aqui na capital gaúcha) e o que a nova tecnologia acrescentou em relação ao '3D convencional'.
Se na versão '3D convencional', Avatar já possui uma beleza visual e sensorial incrível, no IMax o longa de Cameron ultrapassa limites e chega muito próximo da perfeição. A experiência que parecia impossível (ou, ao menos, improvável) acontece. Pois, por mais inacreditável que possa soar, a imersão em Pandora é ainda maior. Os quase 300 m² da tela côncava e as poltronas um pouco mais inclinadas aumentam a sensação do 'estar lá dentro'. A noção de profundidade e distância dos objetos majora de forma espetacular. A sequência da destruição da Casa da Árvore, por exemplo, ganha um tom - tanto visualmente como sonoramente - ainda mais realista!
O IMax, realmente, proporciona a evolução do cinema 3D e é, no nosso tempo e ao menos com Avatar, a verdadeira Imagem Maximum, única e irretocável. Um avanço muito importante para o cinema que prima pelo bom recurso visual de efeito.
Para concluir, digo-lhes que minha primeira experiência em IMax foi inesquecível: com a melhor tecnologia disponível, ainda assisti à melhor metragem de recurso visual da minha época. E, após essa quarta sessão, apenas por um momento, resolvi mandar para o inferno o fato de a história ser simples; possuir inúmeros lugares-comuns e subtramas excessivamente pontuadas; e do Jake ser o heroizão que faz e consegue tudo. Avatar não é o melhor filme do mundo (e nem mesmo de 2009, na minha opinião) - já cansei de dizer que, se é divino visualmente, o roteiro possui imperfeições incompreensíveis (e algumas imperdoáveis) para doze anos de desenvolvimento. Entretanto, a sensação que provoca com seu espetáculo e o show de efeitos visuais revolucionários faz valer a pena. Cameron pode não ser 'O Rei do Mundo', mas, certamente, hoje, detém o título de 'Imperador da Terceira Dimensão'.
Por hoje, é isso.
Lucas Rey
15:01